feminicídio

Polícia indicia ex-namorado pelo assassinato da filha de ex-vereador de Santa Maria

Foto: Maiara Bersch (Arquivo Diário)
Corpo da vítima foi encontrado no carro da família dois dias depois de seu desaparecimento

A Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Santa Maria finalizou o inquérito policial de um caso que chocou Santa Maria em 2016. Na noite de 15 de agosto daquele ano, o corpo de Andressa Thomazi Schimidt (foto ao lado), 30 anos, foi encontrado no porta-malas de seu carro por um morador da Cohab Tancredo Neves, a duas quadras do ginásio Oreco. A jovem, filha do ex-vereador e radialista Paulo Sidinei Schimidt, estava desaparecida desde 13 de agosto daquele ano.

Conforme uma nota oficial divulgada pelo delegado Gabriel Zanella, o inquérito foi concluído e enviado ao Judiciário e está sendo tratado como feminicídio. O namorado de Andressa na época, o bacharel em Direito Dalilo Marion Junior foi indiciado pelo crime. 

"O então namorado (de 29 anos) de Andressa foi indiciado por feminicídio qualificado (motivo fútil, asfixia e mediante recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima), bem como por ocultação de cadáver. Foi ele quem, à época, comunicou à Polícia Civil o desaparecimento de Andressa.
O inquérito policial tem 460 páginas. O indiciamento teve por fundamento provas testemunhais (48 pessoas foram ouvidas), análise de diversos dados colhidos durante a investigação e, sobretudo, os resultados de perícias, especialmente as realizadas pela divisão de genética forense do Instituto-Geral de Perícias.
A conclusão do inquérito policial não ocorreu em menor tempo em razão da complexidade da investigação e devido a algumas instituições e empresas demorarem em atender às requisições da Polícia Civil e do Judiciário.

O indiciado apresentou comportamento que chamou a atenção da Polícia Civil quando comunicou o boletim de ocorrência policial do desaparecimento de Andressa. Na ocasião, conforme certidão policial, "apresentava-se nervoso e ressaltou que a desaparecida iria estragar com a sua vida, já que seria candidato a vereador no município de Santa Maria nas próximas eleições e a campanha iniciaria no outro dia."

Na comunicação à imprensa, o delegado informou que pediu hoje a prisão preventiva do indiciado - que não teve o seu nome informado pela Polícia Civil. Em duas outras oportunidades, a prisão já tinha sido pedida e negada pela  Justiça. O delegado ressaltou também que o indiciado sempre negou a participação no crime.

"Por duas ocasiões (dezembro de 2016 e agosto de 2017), a Polícia Civil representou judicialmente pela prisão do indiciado, porém em ambas os pedidos foram indeferidos. O homem negou qualquer participação nos crimes pelos quais foi indiciado. Novamente, a Polícia Civil solicitou a prisão (preventiva) dele.", diz a nota oficial.

Advogado do pai da vítima, Antonio Carlos Porto e Silva, afirmou que seu cliente espera agora a prisão do indiciado:

- Foi um crime brutal, contra a uma mulher. Esperamos agora que a Justiça considere o pedido de prisão feito pelo delegado e que o autor seja preso. É preciso que a sociedade entenda que não temos a liberdade de sair aí matando e fica por isso mesmo. Este crime foi bárbaro, com ocultação de cadáver.

O QUE DIZ O INDICIADO
O Diário conversou por telefone com Dalilo Marion Junior, que reafirmou inocência no assassinato de Andressa e deu sua verão sobre o fato

- Não fui eu quem matou. Isto é um absurdo, nunca fiz mal pra minguem. Nunca tivemos uma desavença, uma briga. A gente tinha um relacionamento íntimo, saímos, olhávamos filmes, íamos a festas. Na noite do dia 12, ela dormiu lá em casa e combinamos de, no dia seguinte, nos encontrarmos na lancheria da Borges. Nos encontramos lá de noite, mas ela recebeu uma chamada para fazer um executivo (trabalho de transporte de passageiros), que ela fazia de vez em quando para conhecidos. Ela saiu e e fui pra casa, onde estavam meu pai e meu filho. Ela não voltou mais, não vi mais ela."

Ao ser questionado sobre os motivos que acreditava terem levado ao seu indiciamento, Dalilo afirmou que não entende por que a polícia não indiciou outras pessoas, que tinham indícios de participação do crime:

_ Desde o começo, a polícia usou o fato de que fui eu que avisei do desaparecimento dela. Fui avisar a polícia porque a mãe dela me pediu, já que não tinha como ir porque estava cuidando do filho da Andressa. Depois, porque eu estava nervoso quando vi o corpo dela no porta-malas. Claro, fiquei transtornado. Quem não ficaria em uma situação daquelas. Em terceiro lugar, a perícia que apontou que havia esperma meu no corpo. Sim, nós tínhamos uma relação íntima e ela tinha dormido na minha casa um dia antes. Mas e os três tipos de pele que acharam nas unhas dela. Nenhuma era minha. Mas, aí, a polícia diz que não tem como comparar o DNA. Minha prisão foi negada duas vezes na Justiça. Este caso já foi e voltou ao Ministério Público, que pediu mais provas. Câmeras de vigilância da cidade mostram exatamente onde eu estava no dia do desaparecimento. E a polícia insiste em me indiciar como único culpado. E as pessoas que estavam com ela depois da corrida? Há vários indícios nesse inquérito que apontam para outras pessoas, mas não há indiciamento delas. É um absurdo destruir a vida de uma pessoa como estão fazendo com a minha.

O CASO
Andressa, que completaria 31 anos na noite em que foi encontrada morta, foi vista pela última vez em um bar na Avenida Borges de Medeiros. Seu namorado na época, e agora indiciado pelo crime, comunicou o desaparecimento à polícia. Na época, a família buscava pela jovem quando um morador da Cohab Tancredo Neves estranhou o carro que estava estacionado há dois dias na frente de sua casa, sem qualquer movimentação.

Ele teria postado a foto nas redes sociais, na busca pelo proprietário. Na época, testemunhas contaram que o veículo teria sido abandonado no local entre 4h e 6h. A família de Andressa viu a publicação na internet e avisou a Brigada e a Polícia Civil, que foram até o local. A descoberta do corpo no porta-malas teria sido feita na presença da família, que identificou Andressa. A jovem apresentava manchas de sangue no nariz. O carro não tinha sinal de arrombamento, e a chave estava com a vítima.

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